Em Destaque:

A morte na panela e os erros criacionistas

Recentemente, assisti a uma pregação do pastor Adeildo de Oliveira Silva, da igreja o qual congrego, que me chamou muito a atenção por est...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Por trás do Criacionismo da Terra Jovem 25: Ataque à cauda no âmbar



Uma descoberta recente fez um verdadeiro alarde na comunidade científica, pois havia sido encontrado em âmbar, de maneira intacta, uma cauda de dinossauro conservada em âmbar! É a primeira vez que algo assim é encontrado, e não é só isso: a cauda possuía penas num estado "intermediário" que confirmava algumas hipóteses dos cientistas sobre a formação das penas em aves (não que isso não contasse já com outras afirmações...). Diante de tal descoberta, durante mais ou menos uma semana, os criacionistas ficaram calados... até que decidiram se pronunciar a respeito.

Este artigo da série "Por trás do Criacionismo da Terra Jovem", assim como no artigo "ataque aos crocodilomorfos", trará uma crítica a uma série de comentários em cima da notícia, que para o leigo parecem "sensatos", mas que para quem conhece do assunto está cheio de erros e falácias (lembre-se que, infelizmente, a mentira é uma marca registrada do Criacionismo da Terra Jovem, e nos outros artigos desse blog é possível constatar isso).

Bom, vamos ao artigo. Leia ele na íntegra... em seguida, leia a análise abaixo...

O artigo: http://www.criacionismo.com.br/2016/12/cauda-de-dinossauro-e-preservada-em.html

Antes dá análise, tem duas colocações importantes a serem feitas: uma é que o site "criacionismo.com" é adventista e do jornalista Michelson Borges, que é criacionista da terra jovem declarado e que defende os mesmos pontos já denunciados aqui neste blog. A outra colocação é que o autor da seguinte crítica, no caso, não é o Michelson (que apenas compartilhou a crítica) mas sim pelo teólogo Alexandre Kretzschmar. Ele é formado em Teologia pela FAETAD e é redator/idealizador do projeto Onze de Gênesis, ou seja, ele não é um entendido do assunto de paleontologia e é militante do Criacionismo da Terra Jovem (tendo em conta a conotação do seu projeto). Assim sendo, não é nada estranho a tal crítica ter vários furos - e tem, como veremos a seguir...

A análise da crítica:

"O artigo da Current Biology cita “o arranjo espacial dos folículos e penas no corpo, e recursos em escala micrométrica da plumagem. Muitas penas exibem uma curta raque, esguio, com alternância de farpas e uma série uniforme de bárbulas contíguas”.[2] Por que os autores não explicam a estreita semelhança dessas penas com as de aves que vivem hoje? De fato, essa descoberta em âmbar prova que as penas encontradas no registro fóssil são iguais às de hoje em dia, sem transição."

Elas são bem similares a penas atuais das aves, mas não em tudo. Conforme é dito no site da BBC, que também anunciou a descoberta: "A análise (do fóssil) revela que as plumas do dinossauro, que deve ter vivido há 99 milhões de anos, não apresentavam um eixo central bem desenvolvido.

 Sua estrutura sugere que dois níveis de ramificação das penas modernas, conhecidos como farpas e barbas, surgiram antes do seu eixo central ser formado.". Então eram similares às das aves modernas, mas não tãão similares assim. Pior, essa ideia dos dois níveis de ramificação terem surgido antes do eixo central já era uma hipótese proferida por cientistas antes dessa descoberta...

"Sabemos que aves já foram classificadas erroneamente como dinossauros. Um caso clássico é o Archaeopteryx que, erroneamente, é apresentado como fóssil transicional da evolução dinossauro-ave. Porém, as evidências mostram que ele é apenas uma ave extinta e não um dinossauro. Os fósseis mostram que o Archaeopteryx tinha uma cauda longa e ossuda como o fóssil apresentado no âmbar."

O Archaeopteryx até hoje é considerado uma criatura de transição, ao contrário do comentário, conforme pode ser visto neste link - - e ainda existem debates de se poderia ser enquadrado como ave ou como dinossauro. Mas mais do que isso, há diferença da cauda do Archaeopteryx e do âmbar! Embora seja de fato "ossuda", o aspecto das vértebras da cauda do Archaeopteryx são significativamente diferentes do de um dinossauro celurossauro - que é o dono desta cauda. Abaixo, uma comparação dos ossos da cauda do Archaeopteryx com os ossos + tecido da cauda encontrada em âmbar:

Archaeopteryx
Resultado de imagem para archaeopteryx fossil tail
Resultado de imagem para archaeopteryx fossil tail

Cauda em âmbar




"Outra ave extinta que tinha cauda com muitas vértebras é o Shenzhouraptor sinensis, com cerca de 25 vértebras, e nem por isso podemos classificá-la como dinossauro"

25 vértebras diferentes da cauda encontrada no âmbar... veja

Resultado de imagem para Shenzhouraptor sinensis fossil

E agora, pra colocar "mais lenha na fogueira, uma singela comparação da cauda do Velociraptor(dinossauro) com a do âmbar...

Resultado de imagem para tail velociraptor fossil




Acontece que e sempre bom lembrar que os paleontólogos não brincam de "ser paleontólogos"... Paleontologia é uma profissão séria e a verdade nesse caso é que a identificação como uma cauda de dinossauro foi feita frente a estudos sérios, ou seja, não se trata de uma "tentativa de promover neodarwinismo"...

e o texto prossegue:

"Olhando para as espécies atuais, não encontramos nenhum réptil com penas. Mas, num olhar no passado, encontramos fósseis de répteis que tinham penas. Não se trata de “fósseis transicionais” nem de “elos perdidos”, mas, sim, de espécies extintas. Um exemplo de réptil empenado é o Longisquama insignis."

Primeiramente, a interpretação do Longisquama insignis com penas é uma interpretação errônea do ornitólogo Alan Feduccia, que já chegou até a defender que o Velociraptor era uma ave e não um dinossauro apenas para "encaixar" os fatos no seu paradigma de que as aves teriam se originado de crocodiliformes. A maioria dos cientistas concorda que o Longisquama era um arcossauromorfo com escamas prolongadas, e não penas. Veja os fósseis originais de Longisquama e a reconstituição mais atual do mesmo:

Resultado de imagem para longisquama fossilResultado de imagem para longisquama


Além disso, cabe a pergunta: se há répteis com penas de acordo com o pensamento "criacionista fixista", como é que os tais possuem estrutura de penas similares ás das aves?? Sim, o comentarista acabou de se contradizer ligeiramente...

Além disso, é sempre importante lembrar que existem sim fartas evidências de dinossauros - no sentido literal da palavra - com penas, e pra infelicidade dos criacionistas, com detalhes anatômicos em comum com os dinossauros. Abaixo,a foto de um fóssil de Microraptor - da mesma família do Velociraptor -, com as penas bem conservadas, que a propósito, tem uma história interessante: quando seus primeiros fósseis foram divulgados, foram denunciados como embuste em vários sites criacionistas, porém, depois quando se acharam uma gama de esqueletos desse gênero, "misteriosamente" os criacionistas se calaram e continuam calados até hoje (para saber mais sobre essa história clique aqui). Veja:

Resultado de imagem para microraptor fossil


"O interessante do texto na revista Current Biology é que eles citam que as amostras foram encontradas com “tecidos moles” e bem preservados. Sugere que vestígios de hemoglobina primário e ferritina permanecem presos dentro da cauda. Como poderiam tecidos moles ser preservados depois de 99 milhões de anos?"

Novamente, a história dos tecidos moles... mas dessa vez a explicação é mais fácil: âmbar contem um teor de preservação absurdamente melhor do que o da mineralização, pois o corpo do organismo fica isolado e livre de quaisquer agente decompositor. É que o âmbar é na verdade seiva de árvore que cobriu determinado ser/objeto e se solidificou, e com a polimerização da resina, ela gera um objeto resistente ao tempo e a água, isolando completamente o que está encrustado dentro dele. Observe por exemplo a imagem abaixo de um âmbar com uma cabeça de lagartixa datada do Eoceno - 54 milhões de anos atrás:



Existem até âmbares mais antigos que a própria cauda! Este abaixo é de um artrópode extinto do período Triássico, de 230 milhões de anos atrás!




"Outra questão que nos chama a atenção é a “sujeira” que foi encontrada junto com as amostras de âmbar. Podemos encontrar detritos e até insetos, como foto acima: uma formiga inteiramente preservada. A pergunta que não podemos deixar de fazer é: Será que essa espécie de formiga não sofreu quase nenhuma evolução em 99 milhões de anos, já que é similar às espécies atuais?"

A formiga encontrada não era do mesmo gênero e espécie das modernas, e o pensamento de que "se houve evolução ela deveria ser diferente" está errado. A origem das formigas remonta exatamente á Era dos Dinossauros, e esses animais, por terem um plano corporal bem adaptado, não se modificaram muito. É sempre bom levar: os organismos não são obrigados a estarem em evolução constante, pelo contrário, os estudos mais recentes apontam que, para haver uma evolução de larga escala são necessários N fatores combinando entre si (aliás, isso deixa a evolução um pouco mais difícil de ser explicada pelo naturalismo, porém, como diz William Lane Craig, "se a evolução foi um milagre e ocorreu torna-se uma poderosa prova a favor da existência de Deus" - mas esse não é o assunto do presente artigo).

" origem do fóssil encontrado é duvidosa. Enquanto fazia compras em um mercado de âmbar em Myanmar (antiga Birmânia), a amostra foi encontrada. Isso é muito preocupante quando falamos em “transicionais”, pois sabemos que a credibilidade da amostra é muito importante. Já tivemos problemas com anúncios desse tipo de amostras duvidosas."

Por fim, o artigo termina questionando a procedência da amostra. Mas é importante lembrar que nesse caso estamos falando de uma cauda com penas e micro estruturas... como é que algo assim seria esculpido/fraudado? Existe algum animal moderno com cauda emplumada e ossificada ao mesmo tempo para servir como embuste?

Agora, para encerrar, vamos ver a conclusão obtida pelo tal teólogo, mas com meus comentários em colchete:

"antes de considerarmos o achado um “elo perdido” ou “fóssil transicional”, temos que fazer um verdadeiro estudo sobre a evidência encontrada [o teólogo em questão estudou bem pouco pelo visto]. Neodarwinistas tendem a pregar o evolucionismo como se fosse religião, ignorando até as leis mais óbvias da ciência [o estranho é que é exatamente isso que o Criacionismo da Terra Jovem faz, como mais uma vez se evidencia por esse artigo].

A amostra provavelmente é de uma ave extinta com cauda [a conclusão é por conta das penas, e o criacionista ou não sabe ou ignora o fato da cauda ter a mesma estrutura óssea da cauda de um dinossauro], e isso não tem nenhum segredo evolutivo ou transicional escondido. O que criacionistas podem comemorar é o fato de mais uma vez evidências científicas mostrarem que não houve a macroevolução mitológica pregada [?]. A descoberta mostra tecidos moles preservados [ambar preserva tecidos moles!], penas e insetos que não demostram evolução nem sinal de transição [e como fica as penas não se formando pelo eixo central?]."

É lamentável a conduta que podemos ver através dessa análise errada da descoberta por parte dos criacionistas. Não obstante, é capaz que haja diversos compartilhamentos dessa análise errônea nas redes sociais, uma vez que o site adventista "Criacionismo" goza de boa popularidade... E é por isso que, às pressas, este artigo do blog foi feito, para que venha servir como uma espécie de "antídoto" face às inverdades advindas deste artigo. E pela enésima vez, fica a pergunta: é correto mentir em prol de alguma ideologia??

Fontes:
http://www.bbc.com/portuguese/geral-38261093
http://dml.cmnh.org/1997Jan/msg00318.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Longisquama/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fóssil#.C3.82mbar
http://phys.org/news/2012-08-prehistoric-bugs-million-years.html





quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Por Trás do Criacionismo da Terra Jovem 24: Jesus era Criacionista da Terra Jovem?

O que acontece quando tiramos um texto biblico fora do contexto para apoiar uma doutrina? Como se diz por aí, "texto fora do contexto gera pretexto"... E esse artigo tem muito a ver com isso.

É muito comum os Criacionistas da Terra Jovem dizerem que Jesus era Criacionista da Terra Jovem. Mas até onde isso é verdade?


O CONTEXTO DA ALEGAÇÃO...


Esse argumento usa as palavras de Jesus em Marcos 10:6, onde Jesus diz:

“Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’.” 
Marcos 10:6

No entanto, essa passagem esta completamente fora de contexto. Quando lemos o texto completo, vemos que Jesus esta falando em contexto de casamento e divorcio:

“Eles disseram: ‘Moisés permitiu que o homem desse uma certidão de divórcio e a mandasse embora’. Respondeu Jesus: ‘Moisés escreveu essa lei por causa da dureza de coração de vocês. Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’.‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher,e os dois se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne.Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe’”.
Marcos 10:4-9


E EM GREGO?


Ainda tem mais o detalhe de que o Novo Testamento original não é em português, mas em grego... então, nada mais justo do que analisar o contexto original em grego do texto, não é verdade?

A palavra para “criação” traduzida do grego é “ktisis”, que tem vários outros significados. “Ktisis” pode se referir a seres criados, criaturas, instituições ou ordenanças.
No versículo paralelo a Marcos 10:4-9, que é Mateus 19:4, vemos o seguinte:

“Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” 
Mateus 19:3-6

Aqui, a palavra usada não é ktisis, mas sim o verbo ktizo, que significa “criar”. Jesus aqui simplesmente fala do inicio da criação dos humanos ou do casamento. Isso é claro pelo contexto.


A PARTE MENOS LITERAL!


Outra coisa que dizem é que esse verso é usado para dizer que Jesus falou que Gênesis era literal. No entanto, Jesus claramente cita a parte mais simbólica de Gênesis 2. Se Jesus estivesse dizendo que Gênesis é literal, então teríamos que aceitar que quando um casal tem relações eles se tornam um só corpo!


FOI NO FI M DO PERÍODO DE CRIAÇÃO



O período de criação, na visão de Terra Jovem, é de seis dias de 24 horas. O inicio seria o primeiro dia, o meio o terceiro e o final o sexto. Quando “macho e femea” foram criados? No sexto dia. No final do período de criação. Então, se o Criacionista de Terra Jovem quiser usar esse verso para dizer que Jesus estava falando de criação, vai ter que admitir que Jesus estava errado.
A única resposta que existe pra esse argumento é que “Jesus estava se referindo ao principio, e os seis dias foram o principio da criação”. Porem, os seis dias seriam o principio de tudo, não do período de criação. Se o homem estava no principio, o que estava no final da criação?


CONCLUSÃO


Jesus nunca falou nada sobre a idade da Terra ou do Universo. Ele falou sobre o plano inicial de Deus para o casamento. Usar as falas de Cristo fora de contexto para provar seu ponto, além de ser heresia e desonesto, é pura apelação de quem não tem mais argumentos.


FONTE:
http://olharunificado.blogspot.com.br/2015/05/criacionismo-progressivo-8-jesus-era-um.html

terça-feira, 21 de junho de 2016

Por Trás do Criacionismo da Terra Jovem 23: Homo "microcefálico" habilis?

Com toda essa onda de casos de microcefalia no Brasil, e sendo esses casos associados por alguns especialistas como tendo sido causados pelo Zika Virus transmitido pelo Aedes Aegypti, decidi fazer um artigo tratando de uma argumentação usada por criacionistas que envolve exatamente isso. Os surtos de Zika? Não... envolve os casos de Microcefalia! E essa argumentação existia bem antes desses casos, e trata-se de um argumento usado para desbancar a evolução humana.

Não é segredo que este é um blog cristão, porém, em tudo devemos usar da verdade, e descartar a mentira. Esse deve ser o proceder de todo cristão, independente da visão criacionista adotada. Todos os outros 22 artigos dessa série - bem como este próprio e os que virão a seguir - tem o propósito de desmascarar os falsos argumentos e fraudes intelectuais usadas em prol da defesa da interpretação da Bíblia conhecida como "Criacionismo da Terra Jovem". Não que essa interpretação venha levar uma pessoa ao inferno ou algo assim, mas ela se sustenta em bases fracas, tanto teológicas quanto científicas, e os seus defensores tentam maquiar isso o máximo que podem, como se "perfumassem um defunto"...

O ARGUMENTO

Primeiro, vamos mostrar o argumento em si. Como recursos visuais sempre são melhores que textos, deixo a palavra com o professor de fisica da Bob Jones University, Adauto Lourenço:



Resumindo o vídeo, o argumento consiste em dizer que o crânio de Homo habilis na verdade não correspondia ao crânio de um hominídeo ancestral, mas sim, ao crânio de um indivíduo portador de Microcefalia... Da maneira que o professor Adauto colocou as imagens, realmente essa impressão ao leigo fica muito convincente, tão convincente aliás, que a primeira vez que vi esse vídeo, quando iniciava meus estudos, fiquei convencido de que o vídeo falava a verdade. Só depois que fui descobrir a verdade por trás desse argumento, e aqui compartilho ela com vocês.

O QUE É MICROCEFALIA?

Para analisarmos esse argumento da forma correta, é necessário aprendermos, primeiro, o que realmente é a Microcefalia. Trata-se de uma doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade, o que prejudica o seu desenvolvimento mental, porque os ossos da cabeça, que ao nascimento estão separados, se unem muito cedo, impedindo que o cérebro cresça e desenvolva suas capacidades normalmente.

A criança com microcefalia pode precisar de cuidados por toda a vida, mas isso é normalmente confirmado depois do primeiro ano de vida e irá depender muito do quanto o cérebro conseguiu se desenvolver e que partes do cérebro estão mais comprometidas. Essa é uma doença congênita relativamente rara, mas recentemente ela está se tornando mais comum, e há quem diga que o Zika Virus é o culpado disso.

De qualquer forma, fica nítido que um anatomista consegue saber se o crânio é de uma criança com microcefalia ou não.

COMPARAÇÕES REAIS

No vídeo, o ilustre professor Adauto mostra a comparação entre um suposto crânio de Homo habilis com a cabeça - não o crânio - de um indivíduo adulto com microcefalia. Esse camarada da foto, do interior do Piauí, chama-se pelos íntimos, ao que pude pesquisar, de "Antônio cabecinha", e realmente nasceu com microcefalia. Mas... o que aconteceria se fosse feita uma comparação real entre os crânios...? Será que o crânio do Sr. Antônio e de indivíduos com essa má formação é igual ao do Homo habilis? Vejamos:

Crânio com Microcefalia


Crânio de Homo habilis

Essa é uma comparação de perfil. E se mudarmos o ângulo... será que ficarão iguais?

Crânio com Microcefalia


Crânio de Homo habilis

Mas... e se pegarmos um caso mais acentuado de microcefalia, bem próximo ao do "Antônio Cabecinha"? Será que teremos o mesmo crânio em questão?

Crânio de adulto com microcefalia
Crânio de Homo habilis
Percebeu, aliás, que o último crânio com microcefalia é muito parecido com o do individuo da imagem e, também, é completamente diferente do crânio real de Homo habilis?

Claro, isso é apenas uma comparação de imagens. Mas uma comparação sincera, pois o argumento do Adauto Lourenço também consiste em comparação de imagens... E ela não acaba aqui... Façamos uma comparação diferente... Considere os crânios abaixo:






Aí você me pergunta... "Ok, mas pra quê colocar mais fotos de crânios de Homo habilis? Já vimos que não é parecido com um crânio com Microcefalia!"... Mas quem disse que os quatro crânios acima são de Homo habilis? Os dois primeiros são de Homo erectus, e o terceiro cor de marfim é o de um Australopithecus, ou seja, duas espécies de hominídeos que são válidas na ciência - aqui e aqui tem os artigos que falam mais detalhes de ambos os fósseis - , ou seja, além de não se parecer com o crânio de um indivíduo com microcefalia, o crânio de Homo habilis carrega semelhanças óbvias com outros crânios de hominídeos já achados.

E sobre essa semelhança, tem mais ainda o que comentar: existem cientistas que classificam a variedade de crânios de Homo habilis como sendo, na realidade, ou da espécie Australopithecus africanus ou da espécie Homo erectus. Embora as evidências mais fortes apontem realmente o Homo habilis como uma espécie única, existem estudos bem embasados sobre essa reclassificação. De qualquer forma, isso é o suficiente para mostrar que, de um jeito ou de outro, os fósseis atribuidos a espécie Homo habilis são de hominídeos, e não de indivíduos com microcefalia.

Por fim, eu posso dizer por experiência própria que a similaridade do crânio de Homo habilis com o crânio de outros hominídeos fósseis são reais, porque tenho comigo a cópia autêntica de vários desses crânios de hominídeos, e um deles é a do próprio Homo habilis. E deixei o último aspecto comparativo para uma foto que tirei em minha casa relacionada ao tamanho. Veja em minhas mãos quão pequeno o real crânio do Homo habilis é:



O crânio do "Antônio cabecinha", mesmo ele tendo microcefalia, não era pequenino, mas tinha a dimensão do de um adulto normal. Apenas a caixa craniana que é menor. Porém... o problema em afirmar que o crânio de Homo habilis é de um indivíduo similar ao colega do vídeo também é relativo ao tamanho: o crânio do Homo habilis é do tamanho de um crânio de criança! Veja a comparação do crânio de Homo sapiens (branco), que é a nossa espécie, com o de um Homo habilis (marfim):



E mais: percebeu que as fotos de crânios de Homo habilis apresentam diferenças? Bom, a explicação é simples - e se o Adauto a incluisse no vídeo, estragaria a lógica de seu argumento - : foram encontrados mais de um fóssil de Homo habilis, e em alguns casos são até outros ossos do esqueleto também! Abaixo alguns dos exemplares fósseis de Homo habilis e o nome catalogado dos espécimes:

OH 62 (corresponde a minha réplica)
OH 7


KNM ER 1813
OH 24
KNM ER 1805

UM ESTUDO MAIS SÉRIO

Crânio de Homo Floresiensis de vários ângulos
Apenas com essas comparações de imagens podemos ver que o argumento do professor Adauto Lourenço nada mais é do que uma farsa científica (o quão isso pode ser ruim? Comentarei mais adiante). Mas e quanto a uma análise mais minuciosa, que vai além das comparações e fotos? Que resultados teríamos? A resposta está num caso que envolveu não o Homo habilis, mas sim o Homo floresiensis, mas que pode servir também para enriquecer essa questão da microcefalia no H. habilis... Pra quem não sabe, o Homo floresiensis seria uma espécie de hominídeo achado em 2003 derivada dos Homo erectus, mas que teria sofrido nanismo insular e ficado pequena - comparável aos Hobbits de "O Senhor dos Anéis", o que lhe rendeu esse apelido também entre os cientistas. Mas houve por algum tempo um debate entre os cientistas sobre o status desse fóssil, pois há quem defendia algo muito próximo da alegação do Adauto Lourenço para o Homo habilis: que o indivíduo em questão na verdade era um humano com microcefalia. Ou também poderia ser um indivíduo com Síndrome de Laron ou Hipotireoidismo endêmico. E isso não foi declarado por um físico ou pastor, mas sim por acadêmicos sérios da área. Contudo, os cientistas da Universidade de Stony Brook, em Nova Yorque, fizeram uma comparação tridimensional dos fósseis de Homo floresiensis com outros fósseis de hominídeos achados (o Homo habilis estava dentre esses fósseis) e crânios de humanos comprovadamente com patologias como a microcefalia. Os resultados, porém, mostraram que a mostra se assemelha muito mais aos crãnios de hominídeos em si do que os crânios de humanos com microcefalia. Posteriormente, outros fósseis do H. floresiensis foram achados, como o pé do próprio, e acabaram por sua vez comprovando os estudos desses cientistas, de que o H. floresiensis era uma espécie única.

 Mas... o que esse fato pode agregar em relação ao argumento utilizado pelo Adauto Lourenço?

- Se cientistas se levantaram alegando que o Homo floresiensis pode ser o crânio de uma pessoa com microcefalia, por que também não estenderam a interpretação ao Homo habilis?

- Se o crânio de Homo habilis fosse um crânio de humano com microcefalia, como o crânio dele e de outros hominídeos podem ter sido usados para verificar o status do Homo floresiensis?

- Por que existe a publicação dessa análise em torno do Homo floresiensis e NADA relacionado ao Homo habilis, ao não ser a palavra do professor Adauto Lourenço?




FRAUDE PARECIDA

Por fim, em uma sequência de slides na internet apresentada por um membro da igreja Presbiteriana, foi usado um argumento parecidíssimo com este do nosso artigo. A diferença é que o camarada pegou uma reconstituição artística do Homo erectus em vida - nem é do crânio - e usou o mesmo argumento. E o mesmo "Antônio" também...

A mesma coisa... só muda o fóssil
Como refutar isso? Primeiro: role o cursor para cima e compare as duas fotos que colocamos de H. erectus com as fotos que colocamos dos crânios com microcefalia. Segundo: na comparação com o estudo do H. floresiensis, substitua o nome "Homo habilis" por "Homo erectus", e terceiro, entre nesse link e veja um estudo completo da identidade do Homo erectus...


CONCLUSÃO

Depois de tudo o que foi visto, não tem escapatória: o argumento em questão é uma fraude científica, e das grandes. O crânio de Homo habilis realmente é de um hominídeo fóssil e não é de um indivíduo com microcefalia, muito menos do indivíduo da imagem. Apesar de estarmos diante de mais uma fraude desmascarada - e isso é bom para "abrir nossos olhos" mais um pouco - , ter essa informação em mãos nos dá dois panoramas tristes e complicados a respeito. O primeiro é a popularidade que o Adauto Lourenço conseguiu na mídia gospel. O fato do mesmo ter uma boa eloquência, uma boa oratória, faz com que ele seja requisitado por muitas igrejas e considerado um dos mais célebres cientistas do nosso tempo. E isso não é verdadeiro. Esse argumento fraudulento do "Homo microcefálico habilis" é apenas uma das várias fraudes que ele vem apresentando, muitas delas já abordadas nesse site (como o argumento dos poliestratas, da "evolução ser só uma teoria" e das leis da termodinâmica, por exemplo), e as pessoas estão "idolatrando" essa pessoa como "cientista e homem de deus". Eu não posso julgar a pessoa do Adauto Lourenço - me parece ser uma boa pessoa, tenho que admitir - mas não posso tampar meus olhos para as coisas erradas que têm sido apresentadas por meio dele, e isso pode nem ser má intenção dele - leia "a morte na panela e os erros criacionistas" para entender o que pode estar acontecendo não só com o professor Adauto mas com vários outros criacionistas da mídia nacional e internacional. O outro panorama desagradável acaba sendo o próprio desrespeito com o uso do "Antônio cabecinha". Eu não sei se ele é conhecido do professor Adauto Lourenço nem da pessoa que colocou a comparação com o Homo erectus. Mas pra mim, uma vez que agora mostramos a real identificação do crânio de Homo habilis como hominídeo e não-humano, pareceu um pouco de falta de respeito. A pessoa ou seus familiares autorizaram esse uso de imagem e essa comparação com o crânio de Homo habilis? Fica a pergunta em aberto (se alguém souber a resposta, ficarei agradecido e a colocarei neste mesmo artigo, para atualizá-lo) Finalizo este artigo com as seguintes perguntas:

Se a intenção é mostrar que o homem foi criado por Deus, vale a pena lançar mão de fraude para tal objetivo? Será que Deus se agrada dessa atitude? Será que os fins justificam os meios? Que imagem o cristão que age dessa maneira mostra para os não-cristãos? E como fica a imagem do evangelho diante disso? 
Há algo a se pensar...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Por trás do Criacionismo da Terra Jovem 22: Tirando os cavalos da chuva

Resultado de imagem para horse evolutionÉ simplesmente estranhíssimo que a chamada "evolução do cavalo" não seja aceita dentro do padrão criacionista. Isso porque nessa evolução nenhum "animal novo" é criado: todas as transformações dessa história ocorrem dentro da família dos Equídeos, e é clarividente as transformações que ocorreram de um tipo a outro devido a mudança do ambiente em que essas criaturas viviam - que deixou de ser o de uma densa floresta para uma extensa pradaria - mas, sempre, "cavalos". Ou seja, trata-se de uma "microevolução". Só temos uma "macroevolução" quando vamos para antes do ancestral comum de todos os equídeos, mas aí é outra história...

Sabemos que o verdadeiro sentido da palavra "evolução" é de modificações biológicas ao longo do tempo. Os Criacionistas da Terra Jovem aceitam evolução apenas em níveis de pequenas modificações, ou como eles geralmente afirmam - ainda que esse termo não seja mais verdadeiramente usual entre os cientistas - "microevolução". Grandes mudanças, que venham a inaugurar "ordens e classes" de seres vivos são rejeitadas: para eles cada "grupo básico" de seres teve um ancestral comum. É como se, ao invés de uma árvore da vida, tivéssemos várias arvorezinhas. Mas toda regra tem excessão: os criacionistas dessa linha, muito estranhamente, não aceitam a mais bem documentada das "microevoluções": a do cavalo.

Iremos agora analisar os argumentos usados pelos criacionistas contra as evidências de adaptações biológicas dentro da família dos Equídeos, o qual pertencem o cavalo, o asno, a zebra e diversas espécies extintas. Será que encontraremos os mesmos níveis de argumentação mostrados nos artigos anteriores que já foram refutados nessa série? Será que eles irão de novo "tirar o(s) cavalo(s) da chuva", alegando que eles estão corretos numa versão "fixa" do cavalo e a perspectiva evolutiva errada, mas mentindo e ocultando fatos? Ou irão se embasar em argumentos fortes e convincentes?

ACEITAM TUDO - MENOS ESSA


Os criacionistas aceitam que Dugongos e Manatis vieram de
um único tronco, mas não aceitam nenhuma evolução dentro
da família dos Equídeos...
Entretanto, talvez haja um motivo da não-aceitação da "microevolução" do cavalo: a evolução do cavalo, se aceita, poderia significar numa evidência da eficiência dos métodos de datação, já que eles concordam com a ordem apontada das espécies. Ainda assim, há artigos criacionistas que mostram que as "micro-evoluções" dentro dos grupos de dinossauros são aceitas, e da mesma forma, os métodos de datação também concordam com os mesmos... Um exemplo é a evolução das famílias dos Dugongos e Peixes-boi, onde os criacionistas admitem que um animal fóssil, chamado Protosiren, foi corretamente identificado como ancestral comum dessas duas famílias. Para eles, o Protosiren seria o "tipo básico originalmente criado", e essa seria a única divergência deles com os evolucionistas nesse ponto, já que os evolucionistas também apontam o Protosiren como ancestral comum.

Enfim, é um caso muito estranha a não-aceitação dessa "evolução". E vamos analisar a argumentação que se têm contra isso a partir de agora. Usaremos como base um artigo encontrado no site  Answer in Genesis, que é um famoso site que milita - isso mesmo, milita - o Criacionismo da Terra Jovem em detrimento de quaisquer outro pensamento em torno do Gênesis. Recomendamos, então, primeiro a leitura desse artigo (clique no link do texto). Depois, confira as refutações, que virão logo abaixo:

O PRIMEIRO ESTÁGIO: EOHIPO

De acordo com os cientistas, o equídeo que foi o ancestral comum de toda essa história foi um animal pequeno, do tamanho de uma raposa, chamado Eohipo, do gênero Eohippus. Mas apesar do tamanho e de algumas características "incomuns" - que iremos tratar mais adiante - é indiscutivelmente um tipo de cavalo.

Sobre o Eohipo, o referente artigo começa discorrendo sobre a história de seus achados fósseis. E é aí que começam os equívocos que, como sempre, constituem em "detalhezinhos" que passam batidos aos olhos do leigo, mas não de quem conhece bem o assunto:

"Em 1841, o mais antigo fóssil chamado de "cavalo" foi descoberto em argila nos arredores de Londres. O cientista que revelou ele, Richard Owen, encontrou um crânio completo que parecia uma cabeça de raposa com vários dentes de trás iguais aos de animais com cascos. Chamou-o Hyracotherium. Ele não viu nenhuma conexão entre ele e o cavalo moderno."

Em primeiro lugar, o crânio não foi achado completo, como diz errôneamente o texto. Richard Owen apenas encontrou esses fósseis da foto abaixo: uma parte fragmentada da caixa craniana - com parte das maxilas superiores - e fragmentos de dentes e mandíbulas.

Hyracotherium leporinum.jpg

Era o primeiro fóssil de um equino anão extinto, e a escassez do fóssil permitiu apenas que Owen classificasse esse animal como um pequeno animal ungulado, com cascos, parente dos Hyrax - daí o nome "Hyracotherium" (o Hyrax é um pequeno animal, com aparência de uma marmota, que existe na atualidade). Não havia evidência suficiente para dizer que o Hyracotherium era um cavalo - até porque não era um cavalo "normal" - na época, logo, é óbvio que Owen não viu nenhuma conexão entre ele e o cavalo moderno.

Só para ter uma noção, compare abaixo o crânio do Hyrax (direita) com o do Eohipo (esquerda):




Iguaizinhos, né? #sóquenão...

Em seguida, o artigo criacionista diz:

"Em 1874, outro cientista, Kovalevsky, tentou estabelecer uma ligação entre esta pequena criatura que parece uma raposa, o que ele pensava que era de 70 milhões de anos, eo cavalo moderno."

De fato, Vladimir Kovalevsky tentou estabelecer pela primeira vez essa ligação, em 1874. Porém, é só isso que está certo nesse comentário, pois em primeiro lugar, Kovalevsky não considerava esse fóssil como tendo 70 milhões de anos, mas sim como sendo mais jovem: 52 milhões de anos. E não é só isso: o que foi omitido no artigo é que quem datou primeiro o fóssil com essa idade... foi o próprio Richard Owen! Sim, a idade não foi proferida inicialmente por Kovalevsky, como o artigo quer fazer parecer, como se fosse uma ideia ateísta-evolucionista (não há nem indícios de que Kovalevsky era ateu...). Sem falar na ideia errada de que "idade antiga de fósseis é coisa de naturalista". Não é. Tanto é que os primeiros cientistas a mexer com datação eram "Criacionistas da Terra Antiga".

Reinterpretação de fósseis é algo muito comum na paleontologia, ao contrário do que o artigo criacionista quer fazer aparecer. Às vezes um detalhe não percebido por determinado cientista é percebido por outro. É o caso, por exemplo, da mudança de postura do Tiranossauro Rex ou mesmo a mais recente classificação que fez com que o famoso Brontossauro voltasse a ser válido.

Continuemos a ver a argumentação.

"Em 1879, um especialista americano em fósseis, OC Marsh, e o famoso evolucionista Thomas Huxley, colaboraram para uma conferência pública que Huxley deu em Nova York. Marsh produziu um diagrama esquemático que mostra uma tentativa para o chamado desenvolvimento dos pés dianteiros e traseiros, as pernas, e os dentes das diferentes fases do cavalo. Ele publicou seu diagrama evolucionista no American Journal of Science em 1879, e ele encontrou o seu caminho em muitas outras publicações e livros didáticos. O padrão não mudou. Ele mostra uma sequência graduativa bonita da "evolução" do cavalo, ininterrupta por quaisquer mudanças abruptas. Isto é o que vemos nos livros escolares."

Lembra que eu havia dito dos fósseis escasos que Owen analisara? Então, o comentário acima omitiu que Othoniel Charles Marsh havia encontrado vários esqueletos completos do que se chamou de "Eohippus", considerado na época um animal diferente do que Owen havia encontrado. Mas não foi só isso que permitiu a reconstrução de Huxley, mas sim também a de outras descobertas que o artigo simplesmente omitiu, mas que comentaremos mais adiante. Ou seja, essa "bonita" sequência foi possível graças a muitos fósseis achados, e não "ainda com os restinhos de Owen"! Um detalhe interessante também é que, de fato, Sir Clive Forster Cooper, em 1932 propôs que o achado de Owen consistia no mesmo animal achado por Marsh, porém, recentemente, um estudo mais amplo mostrou que Hyracotherium e Eohippus, embora sendo animais aparentados, eram de gêneros diferentes.

A sequência proposta por Huxley e que, de fato, ainda aparece em muitos livros didáticos, é essa:



Aí podemos então, partir para uma próxima análise, se de fato esse esquema está correto. O artigo do Answer in Genesis fez essa exata análise, e vamos estudar essa análise que eles fizeram. Assim podemos ver o que é verdade e o que não é verdade tanto sobre o esquema acima - que ressalto mais uma vez, é um exemplo de "microevolução" - quanto sobre o que os criacionistas da terra jovem dizem.

Antes, entretanto, é importante notar uma crítica bem fundamentada não só ao modelo de Huxley mas também aos livros didáticos que apresentam a imagem acima...

QUEM DISSE QUE FOI ALGO SUSCESSIVO?

Hoje em dia os biólogos entendem que o processo evolutivo não é tão simples como se pensava - e muito menos sequencial. Vários fósseis têm sido encontrados e todos eles mostram um "crescimento evolutivo em árvore", e não uma linha suscessiva. É por isso, inclusive, que o termo "elo perdido", cientificamente falando, é inadequado.

Quando Huxley propôs esse esquema, os estudos de evolução estavam se iniciando, e aos poucos, a ideia de evolução sequencial foi sendo substituída em uma que ocorre em "árvore", como uma "árvore genealógica dos seres vivos". Essa é basicamente a falha real que existe no esquema de Huxley, e por isso que livros didáticos não deveriam exibir a evolução dos equinos dessa forma. Entretanto, isso não quer dizer que Huxley errou em suas deduções em torno dos fósseis referente a posição de cada espécie no registro fóssil, pois de fato aqueles fósseis existem e até hoje e a maioria é interpretada da mesma forma que Huxley interpretou, salvo algumas excessões como o Pliohippus, que é considerado como não sendo ancestral direto do gênero Equus hoje em dia.

Esquematizando, a ilustração mais correta para a evolução do cavalo é desse jeito, no sentido de "trajetória"
(errata 1: esse esquema ainda apresenta o nome "Hyracotherium", mas esse nome não é mais usado para o gênero Eohippus conforme foi dito anteriormente; errata 2: é provável que o Pliohippus tenha dado origem ao gênero Austrohippus, enquanto que atualmente considera-se os verdadeiros ancestrais do cavalo os gêneros Dinohippus e Plesihippus).




CAVALOS "ESPANTALHOS"

Mas quando os criacionistas vão fazer a crítica a essa "micro-evolução" (o que ressalto novamente que é esquisito), eles atacam o esquema acima? Não! Atacam o esquema de Huxley! Essa é uma estratégia de argumentação é conhecida como Falácia ou Estratégia do Espantalho. Nessa estratégia, o oponente "abraça" uma versão mais frágil, um "espantalho" do real modelo de seu rival, e assim - justamente por ser uma versão mais fraca do que realmente é - ataca esse modelo-espantalho, obtendo assim uma aparente vitória sobre seu oponente. Não é uma estratégia honesta, convenhamos... Mas é exatamente a que os criacionistas usam aqui (e não só nesse caso, mas em outros temas também, embora isso seja tema para outros artigos...)

Destrinchando a "análise" da evolução do cavalo atestada no Answer in Genesis, podemos ver nesse primeiro trecho o uso da falácia do espantalho e juntamente, de uma informação totalmente falsa:

"Se ela (a evolução) fosse verdade, você esperaria encontrar os fósseis de cavalos mais antigos nas camadas rochosas mais baixas. Mas não é o que acontece. De fato, ossos dos supostos “primeiros” cavalos foram encontrados na superfície ou próximos dela. Algumas vezes eles são encontrados bem próximos a fósseis de cavalos modernos!"

Primeiramente, existe uma falácia na alegação acima... Ocorre que muitas vezes, um terreno, por erosão, acaba por mostrar em sua superfície alguns fósseis, mas isso não quer dizer que os fósseis sejam recentes, mas sim que o terreno em que eles estão é que é antigo. Os vários fósseis do Eohipo, por exemplo, foram achados em terrenos do Eoceno, ou seja, aquelas rochas ali, devido a ação do tempo acontecendo, ficaram expostas ao ar livre e colocaram os fósseis em exposição. E a alegação de que fósseis de cavalos modernos foram achados lado a lado com fósseis dos primeiros cavalos é, simplesmente, falsa. O autor afirma isso sem embasamento nenhum, pois os fósseis de cavalo moderno sempre são achados em camadas do Pleistoceno, enquanto que as espécies anteriores são achadas em camadas do Plioceno para trás.

"O. C. Marsh fez observações sobre cavalos vivos com múltiplos dedos nas patas, e disse que houve casos no Sudoeste Americano em que "tanto as patas da frente como as de trás teriam cada uma dois dedos extras razoavelmente desenvolvidos, e todos de tamanho aproximadamente igual, correspondendo, assim, às patas do extinto Protohippus". Na National Geographic (Janeiro 1981, p. 74), há uma foto da pata de um assim chamado cavalo primitivo, o Pliohippus, e uma do moderno Equus que foi encontrado no mesmo sítio vulcânico em Nebraska. O escritor diz: "Dúzias de espécies de animais com cascos viveram nas planícies americanas." Isso não sugere duas espécies diferentes, em vez da progressão evolutiva de uma?"

Quando li essa alegação, resolvi ir atrás da fonte, ou melhor, o que realmente eram essas cavalos polidátilos, pois o argumento faria sentido caso o criacionista em questão fizesse essa alegação honestamente. E numa análise rápida, percebi algo que não poderia deixar de ser...

Abaixo, uma imagem da publicação de Marsh, sobre os cavalos recentes "polidátilos":



Uau! Temos então cavalos com mais de um dedo que não eram ancestrais... Porém... esses dedos extras na verdade são má formações, ou melhor, genes reativados acidentalmente de características ancestrais, mas não é uma característica de determinada raça de cavalo. No caso dos cavalos fósseis, lembre-se que por vezes encontra-se mais de um indivíduo junto com "polidactilia", como é o caso do Eohipo. E mais: A estrutura dos "dedos extras" dos cavalos ditos ancestrais é simplesmente diferente da dos "cavalos polidátilos recentes":

- O Eohipo e o Hiracotério tinham 4 dedos parecidíssimos com os de um cachorro, e sua estrutura indica que eram também "almofadados". Nenhum cavalo polidátilo vivo hoje apresenta pata assim. Da mesma forma, a morfologia do pé de gênero pra gênero de equino não varia só em número de dedos, mas também em formato dos mesmos.

- Observe que os cavalos com má formação apresentam sempre DOIS dedos. O Eohipo e o Orohippus tinham QUATRO, o Mesohippus tinham TRES e UM DEDO A MAIS VESTIGIAL, o Merychippus, Hippariom, Megahippus tinham TRÊS DEDOS e um com casco, e por fim, o Dinohippus tinha um casco com mais DOIS DEDOS VESTIGIAIS. No caso do gênero Equus, mencionado por O. C. Marsh, pode acontecer de aparecer cavalos com mais de um dedo, mas o número sempre é dois, e não quatro.

Para finalizar, veja essa imagem do cavalo do artigo do O. C. Marsh, um moderno cavalo polidátilo, com uma imagem de como teria sido o Eohipo. Observe as patas dos dois.



Por que o artigo do Answer in Genesis não colocou essas informações? Porque colocariam seu texto em descrédito no mesmo instante e atrapalharia e muito a lógica forjada pelo autor do texto.

Reiterando, mais uma vez, que essa discussão em torno da evolução do cavalo nem deveria acontecer no âmbito criacionista, já que trata-se de um caso de "micro-evolução"... A gente acaba tendo, nesse caso, evolução de cavalo para cavalo, não de cavalo para outro animal que não seja cavalo...

"Não há um único sítio arqueológico no mundo onde a sucessão evolutiva do cavalo possa ser vista. Pelo contrário, os fragmentos fósseis têm sido coletados de vários continentes na suposição de um progresso evolutivo, e então usados para dar suporte à suposição. Isto é raciocínio circular e não se qualifica como ciência objetiva."

Invertendo a situação, será que seria coerente encontrarmos a sucessão evolutiva do cavalo num único sítio arqueológico? Levando em conta que fósseis se formam só em condições especias, e animais migram e mudam conforme a mudança do ambiente (sim, me refiro a Seleção Natural aqui), as chances de acharmos a sucessão evolutiva do cavalo num único sítio arqueológico é praticamente zero! Ainda, também é uma meia verdade a alegação de que "os fragmentos fósseis têm sido coletados de vários continentes", pois a maioria dos fósseis que temos da evolução do cavalo são da América do Norte, e ainda quando são de continentes diferentes, há evidência de migrações também. Ou seja, não é feita uma busca desenfreada por "elos perdidos", como se fosse uma "missão" (OBS: geralmente criacionistas da Terra Jovem é que agem assim, procurando em todos os lugares, de todas as formas, evidências de que as espécies básicas foram criadas inteirinhas há poucos milhares de anos).

"A teoria da evolução do cavalo tem problemas genéticos muito sérios a superar. Como nós explicamos as variações no número de costelas e vértebras lombares dentro da progressão evolutiva imaginada? Por exemplo, o número de costelas nos estágios supostamente "intermediários" do cavalo varia de 15 a 19 e então finalmente se estabelece em 18. O número de vértebras lombares também pretensamente oscila de seis a oito e então retorna a seis novamente."

Números de costelas e vértebras lombares não devem necessariamente seguir linhas progressivas. Esse pensamento errado advém daquela ideia de que evolução "caminha sempre em linha reta". Ademais, onde isso entra como "problema genético", quando a presença ocasional de dedos vestigiais em patas de cavalos atuais, como vimos, mostra que o cavalo em seu passado não tinha um único casco?

"Finalmente, quando os evolucionistas assumem que o cavalo tem crescido progressivamente em tamanho ao longo de milhões de anos, o que eles esquecem é que os cavalos modernos variam enormemente em tamanho. O maior cavalo hoje é o Clydesdale; o menor é o Fallabella, que permanece em 43 Callable (17 polegadas) de altura. Ambos pertencem à mesma espécie e nenhum evoluiu a partir do outro."

Esse último argumento termina por mostrar o pensamento errado dos criacionistas sobre a evolução do cavalo. Eles acham que os evolucionistas baseiam-se apenas em números de dedos e tamanho do cavalo. No entanto, a análise vai muito além disso, e é certo dizer que aumento de tamanho não é o único parâmetro para a análise da evolução do cavalo, embora seja um dos. A estrutura óssea de espécie para espécie, muda totalmente, justamente pelo fato de não pertencerem ao mesmo gênero! Uma coisa é o gênero Eqqus, do cavalo moderno, outra coisa é o gênero Hypparion, Pliohippus, Eohippus, e por aí vai. Para quem não sabe, um gênero - sempre determinado pelo primeiro nome (por exemplo, no nome científico Equus cabalus, "Eqqus" indica gênero e "cabalus" espécie) -pode englobar várias espécies. Logo, é errado dizer que o Merychippus, por exemplo, é da mesma espécie que o Equus, uma vez que por si só já são de gêneros diferentes.


Por isso que eu disse que o artigo lança mão da "falácia do espantalho", pois alega que os cientistas dizem algo que de fato não dizem; aí depois para refutar esse "algo", obviamente, é muito fácil.

DE OLHO NOS CRÂNIOS

Mas, como eu sempre digo, uma imagem vale mais que mil palavras. Vamos agora fazer uma comparação diferente em relação a evolução dos cavalos, que simplesmente nenhum criacionista se debruçou até hoje, até onde eu sei: comparação de crânios!

Abaixo, colocaremos o crânio do cavalo moderno (gênero Eqqus) sempre a esquerda do crânio de algumas das espécies ancestrais que se conhece pelos fósseis. Por falta de tempo não coloquei todas... Em seguida, uma descrição sobre o crãnio da espécie ancestral.

Comparando com Eohippus



A mudança mais significativa foi nos dentes, que começaram a se adaptar à uma dieta em mudança, uma vez que estes equídeos passou de uma dieta mista de frutas e folhagem para um enfoque cada vez mais em pastagem.

Comparando com Mesohippus



Além de um crânio mais alongado que o de seus antepassados, ele tinha hemisférios cerebrais significativamente maiores, e tinha uma pequena depressão rasa em seu crânio, chamada de "fossa", que nos cavalos modernos é bem mais "detalhada" (a fossa serve como um indicador útil para a identificação de espécies fósseis de eqüinos). Ele tinha seis "dentes de moer", com um único pré-molar na frente - uma característica que ficaria registrada em todos os equídeos descendente ele. O Mesohipo também teve as cristas dos dentes mais afiados que o dos seus antepassados, melhorando a sua capacidade de triturar a vegetação resistente.

Comparando com Miohippus



ua fossa facial era maior e mais profundo, e também começou a mostrar uma crista adicional variável em seus dentes de mordente superiores, uma característica que se tornou uma característica de dentes eqüinos.

Comparando com Merychippus



Tinha molares mais largos do que seus antecessores, que se acredita ter sido usado para triturar as gramíneas duras das estepes.

Comparando com Hipparion



O que mais difere o Merychippus do Hipparion é a estrutura do esmalte dos dentes: em comparação com outros equídeos, o interior teve uma barrage completamente isolada.

Comparando com Dinohippus



Seu crânio tinha fossas faciais profundas, e no gênero Equus não é tão profunda assim. Além disso, seus dentes estavam fortemente curvados, ao contrário dos dentes muito retas de cavalos modernos.

Comparando com um Equus fóssil de uma espécie diferente achada no "Rancho de La Brea"(sim, é igual, mas coloquei pra mostrar que aí sim é o mesmo gênero).



Só essa pequenina comparação mostra que:

- É visível que todos esses animais são realmente da mesma família, pois os crânios possuem similaridades (portanto, isso já dá um "fatality" na alegação de que o Eohipo era um tipo de Hyrax)

- É visível que não se tratam de espécies diferentes de cavalos modernos

- Há uma linha de "progressão" clara entre um animal e outro, e cada vez mais ele fica parecido com a imagem a direita. Isso não só em aparência, mas em detalhes anatômicos sutis. 

- A evolução do cavalo não se sustenta apenas em tamanhos e dedos...

Se fosse apenas algo de primeira vista, poderíamos dizer que essas transformações são apenas aparentes e que esse arranjo é tendencioso, no entanto, as imagens das espécies ancestrais foram postas aí em ordem cronológica e, como se vê nas descrições, é uma soma de características transitivas. Você ainda pode insistir que tais gêneros foram "criados individualmente", mas as evidências em relação a isso pesam mais em cima do quê?

MUITOS GÊNEROS

Enfim, deixo registrado abaixo, mais para efeito de conhecimento mesmo, a maioria dos gêneros que são considerados como tendo feito parte da evolução do cavalo:

Eohippus
Orohippus
Epihippus
Mesohippus
Miohippus
Kalobatippus
Parahippus
Merychippus
Protohippus
Hyparion
Dinohippus
Plesihippus

E COMO FICA O CRIACIONISMO?

Resultado de imagem para protosiren
Se o Protosiren é tido pelos criacionistas como o
"tipo básico" do peixe boi, por que não considerar
o Eohipo como "tipo básico" dos cavalos?
Com tantas evidências mais a favor de uma "microevolução" documentada do cavalo do que contra, no que isto prejudica o criacionismo? Em praticamente nada. Isso porque, como dissemos no início desse artigo, a evolução do cavalo acontece dentro da família dos equinos, ou seja, não há transformações consideráveis aí. No conceito da Baraminologia, a "ciência" que estuda os tipos básicos defendidos pela proposta criacionista, uma mesma família pode ter surgido a partir de um ancestral comum básico. Isso seria uma "micro-evolução", como dissemos no começo do texto. No caso da evolução do cavalo, para os criacionistas, as evidências mostradas aqui apenas "dá nome" ao tipo básico, que no caso, seria o Eohipo, pois segue-se como microevolução. A mesma coisa acontece com os manatídeos (peixes-boi) e dugongídeos (dugongos): existem evidências suficientes que mostram que o ancestral comum de todos os animais da família dos peixes-boi seria o Protosiren, e os criacionistas apontam-no como o provável "tipo básico" numa boa. Porque, então, não considerar o Eohipo como tipo básico?

Não estou defendendo, nesse ponto, a visão do Criacionismo da Terra Jovem quanto ao desenvolvimento da vida. Apenas estou mostrando que mesmo para o criacionista mais ferrenho não há a menor necessidade de lançar mão de falácias para contestar a evolução do cavalo, uma vez que ela serve tanto para o modelo "criacionista" para o modelo "evolucionista", variando apenas na velocidade em que essa transformação aconteceu (milhões de anos ou milhares de anos).

CONCLUSÃO

Com isso, vemos que o estudo da evolução do cavalo é muito mais complexo do que se imagina, e bem fundamentado. Ou seja, ainda que não fosse tão bem fundamentada na época em que era apenas uma hipótese proposta por Huxley e Othoniel Charles Marsh, o estudo da evolução do cavalo têm mostrado que a hipótese de ambos estava certa. E é assim que funciona em ciência: a hipótese é lançada, e depois ou é comprovada ou descartada. Porém, infelizmente, encontramos na contra-argumentação à evolução do cavalo o mesmo nível de argumento dos artigos que já refutamos nessa série. E digo infelizmente com muito pesar, porque isso é advindo de cristãos. O cristão não deve dizer o que a Bíblia não diz, claro, mas também não deve dizer o que a ciência não diz. Usar a falácia do espantalho para provar a Bíblia é nada mais do que alicerçar a palavra de Deus num "espantalho literal", um boneco de palha que ao menor sopro se desfaz. Também vimos que todo esse malabarismo e desonestidade na argumentação é simplesmente desnecessário, pra não dizer inútil, visto que a maior parte dos criacionistas hoje em dia defende a evolução a nível de família, chamada de "micro-evolução".

Que esse artigo possa, além de nos motivar a estudar cada vez mais para não "perecer por falta de conhecimento", servir como um alerta sobre se é ou não necessária determinada discussão. Às vezes estamos tentando combater algo que não é sequer necessário... É uma questão "louca", que apenas só irá gerar divisão e fruto nenhum.

Finalizando, como disse o Apóstolo Paulo em Tito 3:9:

Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs.





BIBLIOGRAFIA

https://answersingenesis.org/evidence-against-evolution/whats-happened-to-the-horse/

https://answersingenesis.org/evidence-against-evolution/horse-non-sense/

https://en.wikipedia.org/wiki/Baraminology

http://creationwiki.org/Macroevolution

http://creationwiki.org/Sirenians_(Talk.Origins)

Hunt, Kathleen (1995). "Horse Evolution"

Prothero, D. R. and Shubin, N. (1989). "The evolution of Oligocene horses". The Evolution of Perissodactyls (pp. 142–175). New York: Clarendon Press.

Fossil Horses In Cyberspace. Florida Museum of Natural History and the National Science Foundation.

MacFadden, B. J. (1984). "Astrohippus and Dinohippus". J. Vert. Paleon 4 (2): 273–283. doi:10.1080/02724634.1984.10012009.

Fossil Horses In Cyberspace. Florida Museum of Natural History and the National Science Foundation.

https://en.wikipedia.org/wiki/Horse_teeth

https://en.wikipedia.org/wiki/Evolution_of_the_horse

http://hoofcare.blogspot.com.br/2011/05/polydactyl-people-and-ponies-gallery-of.html