Em Destaque:

A morte na panela e os erros criacionistas

Recentemente, assisti a uma pregação do pastor Adeildo de Oliveira Silva, da igreja o qual congrego, que me chamou muito a atenção por est...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os Dias da Criação (parte 2)

No primeiro artigo sobre os Dias da Criação, vimos a respeito do conflito científico que enfrenta o Criacionismo da Terra Jovem e também a respeito da atemporalidade de Deus.
Agora, iremos passar para uma segunda parte, respondendo a pergunta: seriam literais ou simbólicos os Dias da Criação?

SIMBÓLICO OU LITERAL? A GRAMÁTICA RESPONDE.

Adotar o Gênesis como simbólico é uma prática usada, infelizmente, por muitos evolucionistas teístas. O problema é que muitos aspéctos acerca da salvação e do Novo Testamento perdem totalmente o sentido se interpretarmos alegoricamente o Gênesis, ou seja, se não for um relato histórico, muita coisa na Bíblia acaba ficando sem pé nem cabeça, mas esse é outro ponto...
Por esse motivo, 90% dos evangélicos, e eu me incluo nesse grupo, aceitam o Gênesis como relato histórico. Mas há uma porcentagem de Criacionistas da Terra Antiga que, apesar de crer em Adão, Eva e na queda como é descrita na Bíblia, creêm que os dias criativos, do qual tratamos nesses artigos, eram dias simbólicos e não-literais.

É claro que isso não quer dizer que o relato histórico de Gênesis não possam possuir um contexto espiritual ou alegórico; aliás muito pelo contrário, pois as passagens não só do gênesis mas de toda a Bíblia podem possuir contexto espiritual, que inclusive podem se referir muitas vezes á nossa caminhada diária cristã. É por essas e outras coisas que o crente crê que a Bíblia é a Palavra Viva de Deus.

Mas voltando...

Para analisar se esses dias são simbólicos ou não, temos que recorrer a uma coisa muito útil na interpretação de certas passagens bíblicas: a gramática hebráica.

A idéia de Dias Criativos Simbólicos deriva principalmente dos Testemunhas de Jeová e baseia-se no fato de que a palavra hebraica Yohn para dia pode significar um período de tempo longo, ou um dia literal. Realmente isso é verdade.

Problema resolvido? AINDA NÃO. Observe:


De acordo com a gramática hebráica, a palavra Yohn (dia) , por si só, não define o seu sentido específico.

Contudo, se tal palavra vier acompanhada de um numeral ordinal – essa é uma regra da língua hebraica (Charles Caldwell Ryrie, ThD, PhD) – como: dia segundo, terceiro..., deve ser, obrigatoriamente, identificada como se referindo a um dia literal e não simbólico.

Outro detalhe importante é que, no idioma hebraico, as expressões “tarde e manhã” só são utilizadas para se referirem a dias literais, nunca o são empregados para se referirem a períodos de tempo. E as expressões no texto bíblico original obedecem a tais questões.

Parece que encontramos um beco sem saída na situação... Será então que cada Dia Criativo durou 24 horas? Não exatamente... Como nós vamos ver adiante, o fato dos dias criativos serem literais no livro de Gênesis não significa que sejam dias no tempo humano.

Isso pode parecer ilógico. Aliás para os Criacionistas da Terra Jovem uma afirmação dessas é ilógica. Mas na verdade o que essa afirmação diz possui um fundamento, e é ele que vamos ver agora...

FOI NO TEMPO DE QUEM?

Nós já vimos no momento dois fatos importantes, a saber, a literalidade dos Dias da Criação e a atemporalidade de Deus. Sabe-se também que existem dois tipos de tempo: o Kronos, que é o tempo terrestre, e o Kairós, o tempo de Deus. Ora, por acaso, os Dias da Criação seriam...dias no tempo de Deus ou Kairós? A Bíblia contém a resposta para essa pergunta? Vejamos o o 1º capítulo de Gênesis, do versículo um ao cinco:

1 No princípio criou Deus os céus e a terra.
2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.
3 Disse Deus: haja luz. E houve luz.
4 Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.
5 E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.

Atente para o fato de que quando Deus traz a luz á existência Ele separa a luz das trevas, e chama á luz de DIA e as trevas de NOITE. Logo em seguida há a afirmação de que aquele "dia" encerrou-se: "e houve tarde e manhã, o dia primeiro". A pergunta é: quem separou a luz das trevas aí e quem é que criou esses "dias"? Lembre-se de que a Terra é iluminada constantemente (enquanto aqui é dia lá no japão é noite...) e que o sol e a lua só seriam visíveis no céu do 4º dia.

Ora, se foi Deus quem separou a "tarde"(noite) e a "manhã"(dia), esses dias foram no tempo de quem? Certamente que se fossem dias no tempo Kronos ficaria contraditória a questão da atemporalidade de Deus...

Facilmente, então, percebe-se que esses dias foram literais, mas dias no tempo de Deus. Ou seja, o equivalente a vinte e quatro horas para Deus, ou seja, vinte e quatro horas no kairós. Mas, na escala de tempo Kronos, quanto tempo esses dias duraram? Diretamente não dá para afirmar quanto tempo especificamente esses dias duraram, também porque nas passagens que se afirma que mil anos para Deus são como um dia há no texto bíblico equivalência e não igualdade entre mil anos e dias, ou seja, mil anos não são iguais a um dia, mas como se fossem. Deus, como já afirmei, está além, muito além, do Kronos ou tempo material...

Entretanto e felizmente, por meio de fontes extrabíblicas, pode-se ter uma noção mínima de quanto tempo (tempo humano) esses dias duraram, e como veremos mais adiante ainda, pode ser mais uma das muitas evidências da inerrância bíblica. É o que veremos na parte 3 desse artigo. Aguardem.


Um comentário: